Cream Ale
New Glarus Spotted Cow

Clara, limpa, suave e levíssima: conheça a Cream Ale, uma cerveja americana feita para competir diretamente com as Lagers alemãs, que passou por maus bocados durante a Lei Seca, e mesmo assim conquistou paladares pelo mundo inteiro!

A Origem da Cream Ale

Para entendermos melhor o que são as Cream Ale, vamos começar pela sua história. Sua origem se dá por volta de 1880, e o estilo foi criado pelos americanos a partir da necessidade de combater a nova sensação do momento: as deliciosas Lager alemãs.

Essas cervejas novas invadiram o mercado americano por conta da grande imigração alemã para os Estados Unidos no século XIX. Sua leveza e pureza, características trazidas pela “nova” técnica de baixa fermentação conquistaram o mundo inteiro, e não foi diferente nos Estados Unidos.

Como na época os americanos não tinham nem o conhecimento nem os equipamentos exatos para produção de cervejas Lager, a solução das cervejarias americanas teve de ser criativa: eles fizeram uma receita de fermentação híbrida, e com adição de insumos para se assemelhar o máximo possível ao estilo das Lager.

O processo deu certo, e mais à frente falaremos especificamente da receita e suas peculiaridades. As Cream Ale conseguiram então conquistar o paladar dos americanos, e as cervejarias nativas do Novo Mundo voltaram a brilhar. O estilo foi o queridinho da região pelo séc. XIX. E muitos achavam que iria continuar assim… até que veio a Lei Seca.

A mudança na constituição que determinou a proibição de bebidas alcoólicas no país quase exterminou o estilo. Digo quase porque ele foi salvo por algumas cervejarias no Canadá que mantiveram a receita e a tradição durante esses longos 13 anos. Após a volta das bebidas alcóolicas à legalidade, o mercado estava diferente e por algum tempo a Cream Ale foi “esquecida”. Por conta disso, elas só voltaram mesmo a ser populares por volta de1990 com estilos mais modernos da receita.

Liebotschaner Cream Ale
Liebotschaner Cream Ale

A Receita Inovadora das Cream Ale

Como prometido ali em cima, vamos nos aprofundar na receita, a solução criativa das cervejarias americanas! Na criação das Cream Ale, a regra era que quanto mais parecida com as Lager alemãs, melhor. O problema é que eles não tinham nem as leveduras específicas nem o conhecimento das técnicas usadas na produção de cervejas de baixa fermentação.

A resposta foi utilizarem a fermentação híbrida: para deixar a receita mais neutra, produziram uma cerveja com cepas de leveduras Ale com temperaturas controladas. Ou seja, temperaturas mais baixas como eram feitas as Lager. Para a leveza da receita, adicionaram insumos como milho ou arroz, o que proporciona a ela um corpo mais leve. E para torná-las clarinhas ao estilo alemão, utilizaram o malte Pilsen, os maltes torrados não entraram nem em cogitação. A ideia era: quanto mais branda e equilibrada a cerveja, melhor. E assim nasceram as Cream Ale.

Normalmente o insumo usado era o milho
Normalmente o insumo usado era o milho

O Sabor

As cervejas Cream Ale são extremamente versáteis. A sua intenção é ser equilibrada, com notas de malte médio-baixas, e notas de lúpulo médio-baixo a nenhum. Ou seja, elas são bem parecidas com as cervejas mainstream, mas com uma qualidade muito superior. São pensadas para serem leves, refrescantes, e fáceis de beber, com um sabor ligeiramente adocicado.

Uma curiosidade desse estilo, é que apesar do nome Cream Ale, essas cervejas não são nem cremosas, e nem Ale! Engraçado, né? Não é certo o motivo exato de onde surgiu esse nome, mas alguns dizem que por terem adição de milho, a batizaram assim pelo seu sabor lembrar a alguns o gosto de creme de milho. Quanto a parte do Ale, isso é devido as leveduras usadas (normalmente) serem as mesmas usada para a produção Ale, mas sua técnica as torna uma cerveja de fermentação mista.

Outro fato curioso é que mesmo de acordo com o guia BJCP, as regras para se encaixar no estilo não são super rígidas, oque permite ter uma variedade bem grande de cervejas Cream Ale. E falando no guia BJCP, aqui vai o que ele define sobre esse estilo tão curioso de cervejas.

BJCP

Impressão Geral:

Uma American Lager limpa, bem-atenuada e saborosa, “para cortar a grama.” Fácil de beber e refrescante, mas com mais corpo do que as típicas lagers americanas.

Aroma:

Notas de malte de médio para médio-baixo, com um aroma doce semelhante ao milho. Estão permitidos baixos níveis de DMS, mas não são necessários. Aroma de lúpulo de médiobaixo a nenhum, e que, se presente, pode ser de qualquer variedade, entretanto, notas florais, condimentadas ou à base de plantas são os mais comuns. Em suma, um aroma sutil, em que não domina nem o malte nem o lúpulo. Ésteres baixos de 3 frutas são opcionais.

Aparência:

Cor amarelo palha a moderado ouro, mas normalmente mais claras. Espuma de baixa a média formação, com carbonatação média a alta e retenção razoável. Brilhante e cristalina, com muitos reflexos.

Sabor:

Baixo a médio-baixo amargor de lúpulo. Baixa a moderada maltosidade e doçura, variando com a densidade e a atenuação. Geralmente bem atenuadas. Nem malte nem lúpulo dominam o paladar. Baixo a moderado sabor de milho é normalmente encontrado como um leve DMS (opcional). O final pode variar entre um pouco seco e ligeiramente doce. Ésteres baixos de frutas são opcionais. Baixo a médio-baixo sabor de lúpulo (de qualquer variedade, mas geralmente floral, picante ou ervas).

Sensação de Boca:

Geralmente leve e fresco, o corpo pode chegar a ser médio. Sensação de boca suave, com atenuação média a alta; níveis mais elevados de atenuação podem ser pretendidos para obter maior perfil para “matar a sede”. Alta carbonatação.

Comentários:

As Cream Ale Pre-Prohibition eram ligeiramente mais forte, lupuladas (incluindo alguns dry hopping) e mais amargas (25-30 + IBU). Essas versões devem ser registradas na categoria histórica (Historical Beer). A maioria dos exemplos comerciais apresentam densidade inicial na faixa de 1050-1053 OG, e o amargor, em IBUs, raramente excede 30.

História:

Uma ale mais espumante ou de consumo fresco que existia nos anos 1800 e que sobreviveu à Lei Seca. Uma versão ale do estilo lager americano produzido por fabricantes de cerveja ale para competir com fabricantes de cerveja lager no Canadá e nos Estados do Nordeste, Meio-Atlântico e Centro-Oeste dos EUA. Originalmente conhecida como um ale espumante ou consumo in natura, foram utilizadas algumas cepas de leveduras lager (e às vezes ainda são) por alguns fabricantes de cerveja, mas historicamente não estavam misturadas, feitas apenas com cepas ale. Muitos exemplos usam o método de Kräusen para elevar a carbonatação. O armazenamento a frio não é tradicional, entretanto alguns cervejeiros atualmente estão assim procedendo.

Ingredientes Característicos:

Ingredientes americanos comumente usados, receitas de grãos integrais com maltes seis fileiras, ou uma combinação de maltes seis fileiras e duas fileiras americanas. Os adjuntos podem chegar a até 20% de milho em maceração e 20% de glicose ou outros açúcares na etapa de fervura. Qualquer variedade de lúpulo pode ser usada para amargor e aroma.

Comparação de Estilos:

Similar à Standard American Lager, mas com mais personalidade.

Estatística Vital:

OG: 1042-1055
FG: 1.006 – 1.012
SRM: 2.5 – 5
IBUs: 8 – 20
ABV: 4.2 – 5.6%

Exemplos Comerciais:

Genesee Cream Ale, Liebotschaner Cream Ale, Little Kings Cream Ale, New Glarus Spotted Cow, Old Style, Sleeman Cream Ale.

Etiquetas:

Intensidade Standard, Cor Clara, Qualquer Fermentação, Estilo Tradicional, América do Norte, família-pale-ale, Balanceada

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